UMA FANTÁSTICA HISTÓRIA
Sempre admirei Jô Soares como humorista e como autor e até como músico, mas confesso ter demorado para conhecê-lo como escritor. Adorei tudo que já li e essa obra em particular me encantou e me manteve presa ao livro palavra por palavra.
CatiahoAlc.
Resenha da página da Saraiva
Em As esganadas, o autor do best-seller O xangô
de Baker Street explora mais uma vez tema que lhe é caro: os assassinatos em
série. No entanto, tal como Alfred Hitchcock, que desprezava os romances
policiais cujo objetivo se resume a descobrir quem é o criminoso (o famoso
“whodonit”), Jô Soares revela logo no início não somente quem é o desalmado
como sua motivação psicológica (melhor dizer psicanalítica) para matar. O
delicioso núcleo narrativo está nas tentativas aparvalhadas da polícia de
encontrar um criminoso que, além de muito esperto e de não despertar suspeita
nenhuma, possui uma rara característica física que dificulta sobremaneira a
utilização dos novos “métodos científicos” da polícia carioca. Para investigar
os crimes, o famigerado chefe de polícia Filinto Müller designa um delegado
ranzinza, assessorado por um auxiliar obtuso e medroso, e que contará com a
inestimável ajuda de um sofisticado e culto ex-inspetor. Na perseguição ao
criminoso, os três investigadores ganham a desejável companhia de uma jovem
linda, destemida, viajada e moderna, que é repórter e fotógrafa da principal
revista ilustrada do país. O leitor também pode se fartar aqui com uma outra
faceta constante da obra literária de Jô Soares: a escolha de um momento do
passado para cenário de sua narrativa, o que lhe permite entrar em detalhes
históricos curiosos enquanto desenvolve a trama. Desta vez, voltamos ao Rio de
Janeiro do Estado Novo, tendo por pano de fundo mais amplo o avanço do nazismo
e as primeiras nuvens ameaçadoras que anunciam a Segunda Guerra Mundial. Entre
os eventos da época que Jô resgata estão uma corrida de automóveis no Circuito
da Gávea (de que participam o cineasta Manoel de Oliveira e o lendário Chico
Landi) e a transmissão pelo rádio da derrota do Brasil de Leônidas da Silva
para a Itália na semifinal da Copa de 1938, na França. Com a verve que lhe é
característica, Jô consegue, neste As esganadas, realizar a façanha de narrar
uma série de crimes brutais, com requintes inimagináveis de crueldade, e deixar
o leitor com um sorriso satisfeito nos lábios.
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